Dados do Trabalho
Título
Prevalência de endometriose em mulheres obesas submetidas a laparoscopia não-ginecológica
Introdução
Endometriose e obesidade são condições prevalentes que impactam a qualidade de vida (1) e o sistema de saúde (2). Alguns estudos reportam uma relação inversa entre índice de massa corporal (IMC) e endometriose (2,3). Estimar a prevalência de endometriose representa um desafio metodológico, pois a necessidade de confirmação histopatológica como padrão ouro pode acarretar vieses (4).
Objetivos
Objetivo: determinar a prevalência e o estadiamento AAGL de endometriose (5) em mulheres obesas submetidas a cirurgia laparoscópica não-ginecológica.
Métodos
Desenho: estudo observacional transversal incluindo 44 mulheres com IMC>30kg/m2 submetidas a cirurgia eletiva para tratamento de patologias não-ginecológicas. Critérios de exclusão: cirurgia prévia para tratamento de endometriose ou pós-menopausa. Neste estudo, o critério diagnóstico para endometriose foi a avaliação laparoscópica por dois cirurgiões com experiência em endometriose.
Resultados
A prevalência de endometriose foi de 44,2% (IC95%:30,2-60,4). Em relação às mulheres com endometriose, 80% (n=16) apresentaram estadiamento AAGL I e II; 30% (n=6) já haviam sido submetidas a laparoscopia não-ginecológica. Os grupos com e sem endometriose não foram estatisticamente diferentes em relação à presença de dismenorreia [55% (IC95% 31,6-75,0) x 62,5% (IC95% 42,3-82,4); P=0,61], dispareunia superficial [10% (IC95% 0,0-26,7) x 4,2% (IC95% 0,0-13,3); P=0,39], dispareunia profunda [10% (IC95% 0-25,0 x 0% (IC95% não calculado); P=0,14] ou lombalgia menstrual [(65% (IC95% 42,3 - 86,3) x 50% (IC95% 29,2 - 69,2); P=0,31)].
Conclusões
Os resultados justificam três hipóteses a serem testadas: (i) A prevalência de endometriose em obesas vem sendo subestimada; (ii) A obesidade não é um fator de risco para estadiamentos mais avançados de endometriose; (iii) Uma cuidadosa busca ativa por endometriose durante laparoscopias não-ginecológicas em obesas pode antecipar seu diagnóstico independente da ocorrência de sintomas.
Referências Bibliográficas
Esse estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do Oeste do Paraná sob o CAAE: 71041623.6.0000.0107.
1- As-Sanie S, Black R, Giudice LC, Gray Valbrun T, Gupta J, Jones B, Laufer MR, Milspaw AT, Missmer SA, Norman A, Taylor RN, Wallace K, Williams Z, Yong PJ, Nebel RA. Assessing research gaps and unmet needs in endometriosis. Am J Obstet Gynecol. 2019 Aug;221(2):86-94.
2- Shah DK, Correia KF, Vitonis AF, Missmer SA. Body size and endometriosis: results from 20 years of follow-up within the Nurses' Health Study II prospective cohort. Hum Reprod. 2013 Jul;28(7):1783-92.
3- Pantelis A, Machairiotis N, Lapatsanis DP. The Formidable yet Unresolved Interplay between Endometriosis and Obesity. ScientificWorldJournal. 2021 Apr 20;2021:6653677.
4- Cardoso JV et al. Perfil epidemiológico de mulheres com endometriose. Rev. Bras. Saúde Mater. Infant., Recife, 20 (4): 1069-1079 out-dez., 2020.
5- Abrao et al. AAGL 2021 Endometriosis Classification: An Anatomy-based Surgical Complexity ScoreJournal of Minimally Invasive Gynecology. Vol 28, No 11, November 2021.
Área
Prêmio melhor pôster de Laparoscopia e doenças relacionadas
Instituições
Hospital Ministro Costa Cavalcanti - Paraná - Brasil
Autores
NILTON DE NADAI FILHO, RABIH HUSSEIN HACHEM, MOHAMAD WALID OMAIRI, MARLON DE FREITAS FONSECA