Dados do Trabalho
Título
RELATO DE CASO: CRIPTOMENORREIA POR SINEQUIA UTERINA PÓS AMIU
Introdução
A criptomenorreia trata-se da condição na qual a mulher tem a presença de menstruação, porém ela não é exteriorizada, devido a alguma obstrução do trato genital. A causa mais comum de criptomenorreia é o hímen imperfurado, prevalente em adolescentes, entretanto, outras condições podem ocasionar um quadro de retenção menstrual. Em situações como abortamento retido, o manejo cirúrgico do quadro pode gerar cicatrizes endometriais e de colo uterino. Tais lesões podem levar, consequentemente, a não exteriorização de sangue menstrual.
Descrição do caso
Este é um relato de caso de uma paciente do sexo feminino de 31 anos, com queixa de amenorreia desde quando passou por uma Aspiração Manual Intrauterina (AMIU) por abortamento retido, com ciclos menstruais regulares previamente. Quadro clínico de dor abdominal intensa, cíclica, no mesmo período do mês, nos últimos 3 meses, além de amenorreia. Possuía ultrassonografia transvaginal, exame aparentemente normal, com sinais de ovulação (endométrio de aspecto trilaminar na imagem, ovário esquerdo apresentando folículo dominante). Suspeitado, então, de Criptomenorreia, com principal fator sinequia uterina devido AMIU realizado previamente. Na Histeroscopia realizada pôde-se visualizar sinequia uterina transversal, logo acima do orifício cervical interno, sendo desfeita durante o exame. Após resolução do quadro, paciente referiu sangramento menstrual normal, vermelho vivo, em quantidade moderada, compatível com seu fluxo menstrual habitual prévio ao ocorrido. Negou dores intensas associadas, como as descritas previamente.
Relevância
Apesar de a criptomenorreia estar mais associada a quadros de amenorreia primária, no público adolescente, casos iatrogênicos também podem ocasionar tal quadro, desenvolvendo amenorreia secundária, como é evidenciado neste relato.
Comentários
É de extrema importância que os profissionais da saúde estejam aptos a identificar e proceder de maneira correta frente a esses casos. Além disso, é válido ressaltar a necessidade do cuidado com procedimentos invasivos uterinos, visando prevenção de danos como sinéquias e lacerações, evitando, por conseguinte, complicações futuras na vida da mulher.
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Área
Prêmio melhor poster de Histeroscopia e doenças relacionadas
Instituições
UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC - Santa Catarina - Brasil
Autores
JUANA NASPOLINI CORAL, LETICIA MACHADO MORETTI, ISABELA CORRÊA OLIVEIRA